quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Sociólogo em defesa da Politica concreta para a educação dos Adultos

redação Universo Educação

"Basta de políticas somente declarativas e de boas intenções. Estamos em condições de oferecer políticas?", questionou Hugo Zemelman, sociólogo e fundador do Instituto do Pensamento e da Cultura da América Latina, durante workshop sobre a consolidação de cooperações internacionais em matéria de educação e aprendizagem de adultos, na Conferência Internacional de Educação de Adultos (Confintea VI), em Belém.

Para ele, a política educativa é uma questão central para todo o continente e ainda possui recursos mínimos, além da ausência de estratégias de políticas intersetoriais. "Os governos do continente, em geral, são de retórica; falta que essa política seja concreta. A educação de adultos é um problema que não se resolve com declarações", reiterou.

Ele constata que há melhorias internas em cada país da região, mas que carecem de desenvolvimento para que saiam das ideias iniciais. O que se observa na maioria dos governos latinoamericanos, segundo o sociólogo, é a falta de uma leitura organizada da realidade, pois não há sistema de informações sobre educação de adultos, qualificado e balanceado.

"O discurso monetário e o discurso da educação fazem parte da mesma realidade. Se não conhecermos esta realidade, fica difícil a tomada de decisões. A tendência é a imitação de modelos não só econômicos e financeiros, mas também educativos. Temos que tomar da nossa racionalidade cultural, que deve permear as decisões para que tenham sustentação na sociedade", analisou.

Inserção pelo trabalho - Hugo Zemelman questionou ainda como os países latinoamericanos estão enfrentado a política de educação de adultos. Segundo ele, deve ser promovida a educação de adultos com estratégias de inserção laboral desses alunos na sociedade. "De outro modo, assumimos os riscos de termos massas ilustradas de marginais", frisou.

Dentre as propostas apresentadas, ele sugere o diálogo entre o Centro de Cooperação Regional para Educação de Adultos na América Latina e Caribe (Crefal) e governos, visando solucionar os problemas existentes nos aparatos estatais, como a falta de recursos humanos qualificados nas instituições públicas para formulação e execução das políticas educativas.

Ao Crefal também caberia, de acordo com o sociólogo, articular governos e universidades para organização dos sistemas de leitura da realidade. "O que conhecemos do que está sendo construído nas instituições de pesquisa do continente? As universidades também precisam responder a este desafio", afirmou.

Mercedes Calderón, diretora geral do Crefal, apresentou a plataforma de cooperação para as políticas públicas de educação com pessoas jovens e adultas na América Latina e Caribe. A proposta, resultado de pesquisa em 20 países, parte do reconhecimento dos avanços obtidos na Confintea V, com os aspectos fundamentais que cada um dos países membros do Centro aprofundarão em seu desenvolvimento.

"Uma das tendências observadas é a emergência de grupos específicos que demandam atenção educativa, como os migrantes, mulheres e jovens dos setores urbanos e populações indígenas. A eles se somam os setores tradicionalmente atendidos: analfabetos, pessoas com educação básica inconclusa e trabalhadores que requerem capacitação para o trabalho", explicou.

Diante das possibilidades de criação de vínculos de cooperação regional, ela destacou três aspectos que respondem às necessidades concretas dos países no campo da educação de jovens e adultos. A reconfiguração do espaço da educação para esse segmento, a profissionalização dos educadores e a pesquisa no campo da educação de jovens e adultos. "Devemos ter como premissa que a educação transcende a alfabetização; ela melhora a qualidade de vida nas comunidades, reduz a mobilidade e amplia as possibilidades de trabalho. Destacamos o caráter marginal da educação de jovens e adultos. É importante pensarmos as políticas públicas da educação por toda a vida e reconhecer as múltiplas diversidades, fortalecendo a participação da sociedade civil na elaboração dessas políticas", concluiu.

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