quinta-feira, 22 de abril de 2010

Sufixação: "-oso","-osa"

PROF. PASQUALE CIRPO NETO



Não é novidade para ninguém que, em português, o capítulo de ortografia oferece várias dificuldades. Todos já ficamos confusos alguma vez em relação ao uso do "s" e do "x", do "x" e do "ch".

Muitas pessoas dizem, por exemplo, que na palavra "lixo" o "x" tem som de "ch". Nada disso. Na palavra "cachorro", por exemplo, o "ch" é que tem som de "x", e não o contrário! Em "lixo", o "x" tem o som dele mesmo, afinal o nome da letra é "xis"!

Vamos ver a canção "Olhar 43", de Paulo Ricardo, para comentarmos outro caso que deixa as pessoas em dúvida:

... é perigoso o seu sorriso
é um sorriso assim, jocoso
impreciso, diria misterioso
indecifrável riso de mulher.
..

Vimos o emprego das palavras "perigoso", "jocoso", "misterioso", palavrinhas que têm o sufixo "-oso". É um sufixo que indica a idéia de posse plena, de abundância, de existência em grande quantidade. É bom lembrar: o sufixo "-oso" é sempre com "s", jamais com "z".

perigoso = com muito perigo
misterioso = cheio de mistério
jocoso = com muita jocosidade
Tomemos outro exemplo, tirado à canção "Vitoriosa", de Ivan Lins. A letra é de Vítor Martins:

... quero sua risada mais gostosa
esse seu jeito de achar
que a vida pode ser maravilhosa.
Quero sua alegria escandalosa
vitoriosa por não ter vergonha
de aprender como se goza.


Nessa canção vimos o sufixo "-oso" no feminino. "Gostosa", "maravilhosa", "escandalosa" etc. Sempre com "s"! E vimos também a palavra "goza", com "z". Mas ela não tem nada a ver com a nossa história. "Goza" é forma do verbo "gozar", com "z".

Então, cuidado! Não basta que o som seja semelhante a "oso" e "osa" para colocarmos o "s".

Precisamos entender o significado da palavra. Se for sufixo designando posse plena ou grande quantidade, aí, sim, a grafia correta é com "s".

Dificuldade em redação, Ortografia, Pode ser dislexia

do Universo Educação

Darby Lima já tinha repetido a quarta série e continuava colecionando notas vermelhas. As broncas do pai não adiantavam. O menino estudava, mas nas provas respondia o que não era perguntado e era incapaz de prestar atenção nas aulas. Já no Ensino Médio, ouviu uma professora dizer que “aquele aluno não vai chegar longe, não”. “Me sentia burro”, diz Darby, hoje no oitavo semestre da Universidade de Brasília (UnB) e há dez anos diagnosticado como portador de dislexia.

Os cientistas ainda não sabem, ao certo, a causa do distúrbio, mas estimam que ele atinja entre 5 e 15% da população mundial – entre eles, personalidades como Albert Einstein, Pablo Picasso e Tom Cruise. O portador costuma embaralhar letras e números de formatos ou sons semelhantes (trocar vaca e faca, por exemplo, ou confundir b e d).

A dislexia afeta principalmente a capacidade de ler, escrever e se concentrar, mas não interfere no raciocínio lógico, nem nas habilidades artísticas. A memória também pode ser afetada. Mas apesar das dificuldades com ortografia, redação e línguas, os disléxicos podem ter desempenho satisfatório em ciências, exatas ou artes.



“O disléxico é uma pessoa inteligente, mas tem extrema dificuldade de pôr o que sabe no papel ou interpretar textos escritos. Vai mal nas provas, mesmo que tenha todas as respostas na ponta da língua, e muitas vezes é tratado como preguiçoso ou indisciplinado”, explica Maria Angela Nico, coordenadora científica da Associação Brasileira de Dislexia (ABD).

Superação

Provavelmente hereditária, a dislexia não é considerada doença, nem tem cura. “É preciso aprender a conviver com ela e criar estratégias para compensar as limitações”, diz Maria Angela.

Com acompanhamento de psicólogos, psicopedagogos e neurologista, Darby aprendeu a se concentrar e melhorou o rendimento na escola. Na quarta tentativa, foi aprovado no vestibular de Geologia da UnB.

“Na época, não sabia que tínhamos direitos especiais nas provas”, diz o universitário. Apesar de não ser obrigatório por lei, os principais vestibulares oferecem condições especiais para os disléxicos fazer o exame.

Para ter direito a isso, é necessário apresentar laudo médico que confirme o diagnóstico de dislexia. “Muitas vezes o distúrbio é confundido com problemas de visão, de audição ou déficit de atenção”, diz Maria Angela.

O diagnóstico e o tratamento são complexos e exigem equipes multidisciplinares – normalmente, formadas por neurologistas, pedagogos, fonoaudiólogos, psicólogos e oftalmologistas. Pessoas de baixa renda podem fazê-lo gratuitamente em ONGs e associações de apoio ao disléxico, como a ABD.