quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Para o presidente do Inep, Atual prova do Enem será igual a prova cancelada

redação Universo Educação



O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Reynaldo Fernandes, falou sobre a prova do Enem, a ser realizada no fim de semana de 5 e 6 de dezembro. Entre os assuntos discutidos, Fernandes declarou que os estudantes devem fazer a prova com “máxima dedicação”, mesmo aqueles que não terão o resultado do exame utilizado para ingressar na faculdade.

Sobre o conteúdo da prova do próximo fim de semana, ele afirmou que será similar à edição vazada. “A prova do Enem 2009 estará nas mesmas diretrizes que nortearam o exame que seria aplicado em outubro”, disse.

Quanto ao próximo ano, o dirigente afirmou que o exame deverá ser aplicado mais de uma vez e podem ocorrer mudanças já em 2010. “Ainda assim, espera-se que alterações sejam feitas de forma gradual, e não de forma abrupta”, explica. O presidente do Inep também afirmou que, em três anos, o Enem será “o principal instrumento de entrada nas instituições de ensino superior do país”.

Confira a íntegra da entrevista:

UNIVERSO EDUCAÇÃO - Devido ao adiamento da prova, alguns vestibulares decidiram não utilizar mais a nota do Enem. O que o senhor diria para esses alunos que se inscreveram para o exame e agora não terão sua nota usada para ingressar nas faculdades desejadas?

Reynaldo Fernandes -
O ingresso na educação superior ainda é um estímulo forte para que os alunos façam a prova do Enem com a máxima dedicação. Mesmo antes da proposta de seleção unificada do Enem 2009, cerca de 500 instituições públicas e privadas já utilizavam a nota do exame em seus vestibulares. Mesmo com o adiamento, 21 instituições federais utilizarão o Enem como fase única de seleção, além de outras que usarão a prova como parte da nota. E também para a distribuição de bolsas de estudo do Programa Universidade para Todos, o ProUni, o critério é a nota do Enem.

Além disso, mesmo para aqueles cujo interesse imediato não seja a entrada na faculdade, a prova é importante. Afinal, o Enem ajuda a traçar um diagnóstico sobre a qualidade do ensino médio no País, e também serve como auto-avaliação para o estudante que concluiu seus estudos.

UE - A TRI (Teoria de Resposta ao Item), método de avaliação do Enem, tem deixado alunos preocupados sobre a nota que tirarão na prova. Muitos temem serem prejudicados pelo novo sistema, já que a esmagadora maioria nunca realizou nenhum teste com TRI. Existe alguma possibilidade de o TRI prejudicar um estudante?

RF -
O objetivo de qualquer prova é que aqueles que tenham maiores habilidades e conhecimentos obtenham maior nota. Uma prova em TRI garante mais que uma prova clássica. Numa prova clássica, a nota do estudante é diretamente proporcional ao número de questões que ele acerta. No caso da TRI, tecnologia de avaliação utilizada no novo Enem, essa lógica é diferente. Isso porque as questões são calibradas em diferentes níveis de dificuldade, e a TRI busca medir a proficiência do estudante a partir de seu padrão de respostas.

É por isso que pode ocorrer diferença de nota entre dois participantes que tenham acertado o mesmo número de questões, dependendo do tipo de questões que cada um acertou e errou. Portanto, o uso da TRI é um aspecto positivo aos estudantes mais preparados, e não o contrário.

UE - Muitos professores que analisaram a prova vazada do Enem afirmam que não perceberam grandes diferenças em relação ao exame realizado em anos anteriores. De acordo com eles, a interdisciplinaridade não apareceu como era esperado, principalmente se levado em consideração as questões-modelo, divulgadas meses antes pelo Inep. O que aconteceu? Por que a prova ficou diferente das questões-modelo e tão similar a anos anteriores?

RF -
Na nossa opinião, não é verdade que a prova que seria aplicada em outubro seja similar ao Enem tradicional. A prova que vazou está dentro das características do novo Enem, tanto quanto as questões-modelo disponibilizadas.

A nova proposta se aproxima das edições anteriores em pontos importantes, como na busca por questões contextualizadas, ênfase no raciocínio e na resolução de problemas. A inovação trazida pelo novo Enem reside numa ênfase maior nas áreas de ciências e humanidades, tanto que foram criadas provas específicas para cada uma dessas áreas do conhecimento. Também foi incluído maior número de questões mais difíceis.

UE - Quanto ao exame que será realizado no fim de semana de 5 e 6 de dezembro: as perguntas serão similares à primeira versão da prova (que vazou), às questões-modelo ou a nenhuma das duas?

RF -
A prova do Enem 2009 estará nas mesmas diretrizes que nortearam o exame que seria aplicado em outubro, e também as questões-modelo. Todas as três foram estruturadas a partir do mesmo banco de questões, calibradas em diferentes níveis de dificuldade.

UE - O MEC tem feito um grande investimento para o novo Enem e coloca grandes expectativas para a importância da prova em um futuro a médio prazo. Como o senhor vê o Enem daqui a três anos?

RF -
Nesse período, a expectativa é que o Enem se consolide em suas duas funções primordiais: como importante orientador para o ensino médio e como principal instrumento de entrada nas instituições de ensino superior do país.

UE - E quanto ao Enem do ano que vem? O que se esperar de sua importância para 2010? Haverá mais universidades utilizando o resultado do exame? Poderá haver alterações na prova e em seu conteúdo?

RF -
A matriz de conteúdos deste ano é um primeiro desenho, aprovado em conjunto pelo Comitê de Governança do Enem. O Comitê reúne, além de representantes do Inep e do Ministério da Educação, reitores das instituições federais de ensino superior e secretários de educação. Cabe aos representantes do Comitê de Governança acompanhar frequentemente essa matriz, sugerindo, inclusive, aprimoramentos ao longo das edições da prova. Ainda assim, espera-se que alterações sejam feitas de forma gradual, e não de forma abrupta.

Além disso, com a reestruturação do Enem, incluindo o uso da Teoria da Resposta ao Item (TRI) na prova, a ideia é que o exame seja aplicado mais vezes num mesmo ano. Isso permite que o estudante tenha oportunidade de melhorar sua nota, refazendo a prova em datas e ocasiões distintas.

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