terça-feira, 6 de julho de 2010

Uniformidade de tratamento: O pronome "tu"

PROF. PASQUALE CIRPO NETO



Na linguagem do dia-a-dia, no Brasil, é comum a mistura de pronomes da 2ª pessoa com pronomes da 3ª pessoa, como "você" (que é pronome da 3ª pessoa) e "te" ou "teu" (que são pronomes da 2ª pessoa).

Exemplo:

Você se enfiou onde, meu Deus? Eu te procurei, mas não te achei.

O padrão formal da língua exige a uniformidade de tratamento: todos os pronomes devem ser da 2ª pessoa, ou todos os pronomes devem ser da 3ª pessoa. Assim, o correto seria:

Tu te enfiaste onde? Onde tu te enfiaste? Eu te procurei, mas não te encontrei.
Você se enfiou onde, meu Deus? Eu o procurei, mas não o encontrei.

Há uma canção cantada por Dick Farney, "Copacabana", que é um primor quanto à uniformidade de tratamento:

Existem praias tão lindas, cheias de luz
Nenhuma tem o encanto que tu possuis
Tuas areias, teu céu tão lindo
Tuas sereias sempre sorrindo, sempre sorrindo.
Copacabana, princesinha do mar
Pelas manhãs tu és a vida a cantar
E à tardinha o sol poente
Deixa sempre uma saudade na gente.
Copacabana, o mar, eterno cantor
Ao te beijar ficou perdido de amor.
E hoje vivo a murmurar.
a ti, Copacabana, eu hei de amar.

Todo o texto foi escrito na 2ª pessoa do singular. "Tu", pronome da 2ª pessoa, os possesivos e os oblíquos todos na 2ª pessoa e também os verbos conjugados adequadamente:

Tuas areias, teu céu tão lindo...
Só a ti, Copacabana...
Tu és a vida a cantar
Tu possuis...


A uniformidade de tratamento é necessária na linguagem formal. Na linguagem coloquial, procede-se de maneira diferente.

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