quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Apenas o Brasil adota a Nova Ortografia

redação Universo Educação

Enquanto, no Brasil, a adoção do acordo ortográfico completa um ano a passos largos, nos outros sete países de língua portuguesa, a reforma engatinha. O país foi o único a adotar medidas concretas para disseminar as novas regras, como a conversão de livros didáticos, o uso nas escolas e a mudança da forma de escrever na imprensa.

Em Portugal, onde a maior parte da população se opõe ao acordo, a implantação é vacilante e cheia de indefinições. Por enquanto, apenas alguns jornais adotaram a regra unificada. Novos passos devem ser dados a partir de agora. A ministra portuguesa da Cultura, Maria Gabriela da Silveira Ferreira Canavilhas, anunciou que a Agência Lusa e o Diário da República começariam 2010 com escrita renovada. Ao mesmo tempo, uma ação contraditória partiu de outro setor do governo. Em dezembro, a ministra da Educação, Isabel Alçada, recuou da decisão de adotar o acordo no sistema de ensino já no novo ano.

''Estamos a pensar a estratégia, mas ainda não estão definidas metas. Não é no próximo ano ainda (em 2010). Temos de fazer todo um trabalho com os diferentes parceiros para definir a forma como o acordo ortográfico será introduzido'', disse, em entrevista ao jornal Público.

Apesar do adiamento, a ministra tem defendido que a introdução “não é complicada” e pode ser feita de forma “serena”. Portugal fixou prazo até 2015 para a adaptação.

Uma dificuldade é que Portugal tem adversários ferrenhos à mudança. Uma sondagem sob encomenda do jornal Correio da Manhã, o mais vendido no país, em março, mostrou que 57,3% dos portugueses são contra as novas regras. Um dos nomes mais importantes da cultura portuguesa, Vasco Graça Moura lidera o movimento para abandonar o acerto com os demais países.

''O processo ainda pode ser parado. Não pode avançar sem haver ratificação por todos os países. Se o objetivo é a unidade da grafia, basta que um não avance para que não faça sentido'', diz ele.

José Mário Costa, fundador e coordenador do site Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, rebate:

''Não há nenhuma possibilidade de recuo. O acordo está em vigor.'', Afirma.

Nos outros países, a discussão está ainda mais atrasada. Em novembro, o governo de Cabo Verde anunciou que o acordo entrou em vigor, mas ainda não tomou medidas práticas para implementá-lo. Angola e Moçambique sequer o ratificaram oficialmente. Imersos num cotidiano de pobreza e baixo desenvolvimento social, os países africanos estão longe de considerar a reforma ortográfica uma prioridade.

''Eles ainda não assinaram apenas por questões burocráticas. Quando houver a adesão de Portugal, todos vão aprovar'', avalia o escritor Godofredo Oliveira Neto, da Comissão de Língua Portuguesa do Ministério da Educação do Brasil.

Coordenador do Setor de Lexicologia e Lexicografia da Academia Brasileira de Letras, Evanildo Bechara diz que não há motivo para preocupação:

''A resistência é normal. Pouco a pouco, a nova ortografia caminha, e os pontos divergentes são resolvidos.'', Finaliza.

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