segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Deficientes Visuais pleiteiam mais investimento na Educação

CAMILA CAMPANERUT
Colaboração para o Universo Educação

Cerca de 300 pessoas se reúniram na Câmara dos Deputados para discutir problemas e apresentar propostas de políticas públicas para as pessoas com deficiência visual. Entre as medidas, destaca-se a regulamentação do envio e da publicação de livros em braille nas escolas públicas do País.

Para o primeiro vice-presidente da Organização Nacional dos Cegos do Brasil (ONCB), Moisés Bauer Luiz, existe o temor de que em 2010 os estudantes cegos fiquem novamente prejudicados com o atraso e o possível não envio dos livros em braile.

Bauer, que é cego desde os 8 anos e advogado, afirmou que a quebra do convênio com um das duas fundações responsáveis pela produção dos livros no Brasil atrasou e dificultou o acesso dos alunos ao material didático. “No Brasil, estamos enfrentando muito problemas com os livros em Braille, que é para todos”, afirmou.

Ele não acredita na eficácia da nova proposta do Ministério da Educação de descentralizar a produção dos livros nos Estados e municípios para alunos a partir da 5ª série. “O edital [sobre o assunto] não saiu até agora. Há necessidade de tempo para ajustes e início da produção. Este processo deve levar, não menos, que dois anos. E os alunos como ficam?”, questiona. Já o material de 1ª a 4ª continuaria sendo confeccionado pelo Instituto Benjamim Constant.

Outros pontos do debate de professores e deficientes presentes no Seminário Brasileiro em Comemoração ao Bicentenário de Nascimento de Louis Braille incluem o investimento na audiodescrição, uma espécie de tecla SAP em filmes e em programas televisivos (com descrições de momentos sem som); o apoio à educação inclusiva; a cobrança das autoridades para colocar em prática ações relativas à acessibilidade, como pisos táteis e identificação sonora nos elevadores, regulamentadas por lei, mas que não é realidade em todos os Estados.

As reivindicações discutidas no evento serão reunidas em uma carta que será entregue a representantes do Executivo e do Legislativo e ficará em exposição no site da organização, www.oncb.org.br

O seminário, de dois dias, foi organizado pela recém-criada Organização Nacional dos Cegos do Brasil (ONCB), que conta com a participação de 70 entidades da área.


Cegos no Brasil e no mundo

Segundo o primeiro vice-presidente da ONCB, os dados da ONU apontam que os deficientes visuais, que incluem os totalmente cegos e aqueles com até 10% de visão no melhor olho, representam 1% da população internacional.

Bauer explicou que há divergências quanto aos números nacionais. Os últimos dados do IBGE, do Censo de 2000, apontam que 14,5% da população brasileira apresenta alguma deficiência. “Destes 48,1% são cegos, mas os números não correspondem com a realidade. Inclui até quem apenas usa óculos. O erro deve ser corrigido no próximo Censo, em 2010”, acredita.

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